domingo, janeiro 25, 2009

Nem covarde nem valente, mas Valente.

Hoje descobri que poderia, caso as coisas tivessem acontecido um pouquinho diferente, ter sido um Valente. Não que eu seja um covarde, não é disso que estou falando. Vou explicar.

Desde que me mudei para a casa que moro hoje, deixando a casa da mamãe, estou para fazer uma arrumação em um quarto que fica no terraço da casa dela com as coisas que não trouxe comigo por não ter espaço aqui em casa para guardar. São mil coisas das mais variadas categorias, coisas que você não precisa carregar contigo o tempo todo, mas que também não quer jogar fora ou dar para ninguém (ou as vezes não pode dar). A categoria mais gorda das coisas que guardo lá, de longe, é a de livros, que acumulei desde a adolescência até hoje (e não é pouca coisa, sempre fui doido por livros então comprava tudo o que via), mas há também outras coisas, cadernos com rabiscos de garoto, desenhos (alguns até bem bonitos!), uma ou outra lembrança dos tempos de escola, prêmios dos festivais de ciências, o troféu do festival de poesia (o único que consegui ganhar e que merece um post só dele em uma outra ocasião), o meu primeiro Risque e Rabisque!!! Várias coisas.

Em um dado momento, encontrei uma pasta com jeitinho de pasta de documentos e dentre uma fotocópia ou outra de alguma carteira antiga, ou um certificado que já não certifica mais, posto que perdeu o objetivo, eis que surge a certidão de casamento de minha avó! Foi um susto tanto para mim quanto foi para mamãe. Ela nunca foi de guardar documentos, ainda mais um documento importante desses que só pela importância tinha que por obrigação estar guardado com minha tia Bibe, o arquivo oficial da família.

Passado o primeiro espanto de como aquilo havia parado ali, escondidinho em uma pasta no meio das coisas que eu havia guardado (encerrado?) naquele quartinho esquecido no terraço de minha mãe, comecei a ler o documento. Nada fora do esperado, "certifico que as folhas blábláblá, casam-se sob regimen de comunhão blábláblá, Eduardo Ferreira Duarte e Hermínia da Silva Valente". Opa! Como assim?

Minha avó materna era, até se casar, uma da Silva Valente. Quando se casou, nos idos de 1940, fingiu deixar para trás sua valentia e tornou-se uma da Silva Duarte. Não custou muito para eu lembrar uma irmã sua (apelidada com carinho de tia filinha) que, obviamente partindo do mesmo da Silva Valente, preferiu um outro caminho e tornou-se uma Valente Barroso, ao reunir-se em matrimônio com seu querido. Conseguiu dessa forma com que toda sua descendência fosse valente, até hoje.

Do lado de cá, as coisas correram diferente. A Srta. da Silva Valente, agora Sra. da Silva Duarte, por motivos que não constam nos autos resolveu que seus filhos (treze!) não seriam nem da Silva (o que a agradecemos muito). Com o Valente já perdido, a todos foi entregue o Ferreira Duarte tal como cruzou o atlântico desde Portugal no bebezinho que era meu bisavô Antônio Ferreira Duarte.

Hoje em dia não assino o Duarte... nunca soube explicar muito bem o porquê. Apesar de amar muito toda a família de minha mãe, nunca me identifiquei com o nome, acho que agora entendo... o que sempre amei nunca foi o Duarte, sempre foi o Valente que nem sabia mais que havia existido. Dona Hermínia era uma Valente, e dessa forma eu, mesmo não sendo, sou também.

Te amo vó!

Um comentário:

Fatima Cristina disse...

Valente sempre que preciso,
mesmo sem precisar assinar!
Bjs, daquela que pelo visto é a única que comenta o seu blog...
Que tal um reply?