quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Ontem...

Ontem eu tive uma idéia...
Disse pra mim que ia tirar a poeira
Tinha um projeto para retomar...

Tomei um remédio pra minha dor de cabeça,
E meio sem nada na cabeça, comecei a pensar...
Liguei pra um amigo... tinha a ver com ele o projeto...

Olha, tenho que falar contigo... me liga
Temos que por aquilo para acontecer...
Desliguei com aquele ar dos vitoriosos...
Aquela vontade que vem de repente na gente...
Que faz a gente levantar da cama correndo, mesmo sem ter o que fazer.
Tenho que trabalhar...

Minha dor passou... tenho que começar a pensar...
Mas agora? Eu vou começar isso por onde gente...
Meu telefone tocou era ele: “começa pela gente ué...”
Escreve aí qualquer coisa...

Mas escrever qualquer coisa? Meio herético isso, não?
Como é que eu vou simplesmente escrever qualquer coisa,
Se o negócio é tão importante assim...

Achei que eu tinha que fumar... beber uma noite inteira...
Me embriagar de pseudas conversas modelo,
Sentar ao por do sol e esperar por ela...


Ela... maravilhosa...
Ela vem como um estandarte, eles dizem...
Nunca é igual... faz a gente ficar dormente...
Dizem que a inspiração é assim... pior que dor de dente...
Não diz se vem, demora, mas quando vem é pra derrubar...

Então fiz isso... acordei, pus uma boa música, sentei e esperei.
Enquanto esperava por ela, li jornal, revista...
Um monte de história de artista trocando de amor...
Alguns com dor... outros nem tanto,
Pudor então, tinha espalhado por vários lugares mas não se via em lugar nenhum...

Enquanto esperava por ela, achei que devia esvaziar a mente.
Joguei fora umas falsas modéstias, uns panos de chão, umas moléstiaszinhas aqui e ali...
(Lembrei que nem tinha tomado meu remédio para dor de cabeça ainda)
Tudo isso para esperar por ela...

Quando me dei conta, já tinha terminado a novela...
Já ia começar algum filme qualquer, aqueles tipo “pela primeira vez na televisão”...
E quando eu ia dizer que não, dormi...
Dormi esperando por ela...
Sonhei umas coisas esquisitas, uma sensação de abandono.
Depois de voar sobre algumas cidades... jogar golfe lá no ártico,
assistir a alguns flashes de Fellini, reencontrar um professor da faculdade,
isso tudo dentre tantas outras coisas que nem me lembro, acordei...

Madrugada já avançada, eu aqui ensopado de calor no meu sofá de napa...
E ela nada... não adiantou nada,
Tinhosa, sem coração... ela simplesmente me abandonou aqui...
É, foi isso.

Ou será que não?

(texto original escrito em papel amassado em 16/01/2008, desenterrado aqui nem sei porque)

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